sábado, 14 de junho de 2008

A 2ª coisa da Califórnia de que sinto falta: frutas vermelhas






Sempre falo a respeito de minha enorme frustração com frutas vermelhas: morangos repletos de agrotóxicos e com sua antes breve estação agora extendida por meses a fio; cerejas importadas de longe a preço de ouro; amoras, framboesas e mirtilos que, por serem muito perecíveis, não chegam frescos a São Paulo, precisando ser congeladas ou colhidos ainda verdes, prejudicando sua potencial doçura.

Fui aos céus na Califórnia.

Saindo de Sutter Creek, a caminho de Sonoma Valley, paramos à primeira vista de uma placa com os dizeres: "Fresh Strawberries; Picked Daily." Hein?? Como não parar?!

Entramos pelo portão escancarado do pequeno sítio, e estacionamos o carro ao lado de uma pequena cabana de madeira branca, que ostentava, ao lado de cestas e mais cestas de morangos vermelhos e perfumados, uma enorme bandeira americana e um pequeno pedaço de papelão pregado no balcão de madeira, que dizia "2 dólares a cesta". Uma fenda no balcão com uma seta desenhada indicava onde deveria ser depositado o dinheiro, uma vez que o dono da vendinha estava... bem... colhendo os morangos.

Coloquei meus dois dólares na fenda, apanhei uma cesta e não resisti a comê-los ali mesmo. A primeira mordida naquele morango foi como a primeira mordida no primeiro morango do mundo. Ele se partia na boca sem resistência, maduro, macio, explodindo um suco muito doce, morno de sol e vermelho, tingindo as pontas dos dedos.

Nunca haverá morango como aquele. Pelo menos não aqui. Toda a diferença do mundo, deixar que as frutas amadureçam até seu pico no pé, antes de colhê-las.

Próximo a Santa Rosa, após uma curva fechada na estrada, mais uma vez nossos olhos foram irremediavelmente atraídos pelo excesso de vermelho cintilando sob veios de sol por entre os galhos das árvores. Paramos pelas cerejas. "First pick", disse-nos o dono da venda. Primeira colheita.

Experimentamos da variedade doce e da mais ácida, e acabamos levando uma cesta inteira das doces, que fomos devorando, uma a uma, até chegar a Sonoma. Imaginava os doces que faria com elas se as tivesse aqui em São Paulo. Ou, melhor, imaginava-as em uma tigela ao meu lado no sofá: comeria um engradado inteiro de cerejas como aquelas. E tão baratas que senti uma pontinha de raiva das cerejas chilenas que compro todos os Natais.

Queria poder pedir à minha tia que me enviasse caixas de morangos, cerejas, amoras e mirtilos pelo correio, até o fim da temporada. Ao menos começa por aqui a época dos morangos, e há sempre minha boa e velha fazenda de morangos orgânicos para socorrer minha ânsia por frutas doces e vermelhas...

Cozinhe isso também!

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